O Sabio


Não te direi mais nada. Nada mais te revelarei.
Deixarei que as horas cantem, lamentem e repliquem em vão. 
Não ouvirei mais nenhuma voz. 
Instruirei meus ouvidos para uma única atenção. 
A de se importar somente uma vez.
Mas deixarei o coração sempre atento.
O alerta soará quando o ultimo dos mortais tiver a ousadia de simplesmente não se esquecer de si.
Meu canto continuará te convidando.
Mas meu pranto não sessará de molhar a terra, forçando-a a germina.
Deixarei que invada meus poros a dentro,
como o suor que volta em busca de abrigo.
Te contarei as mil e uma noite que despertei sozinho
a procura de te em meu peito.
Se quiseres, poderais de novo descansar sobre ele
e assim, não dizermos nada.
Mas ai de te se te esqueceres de vós!
Ai de vós se te esqueceres de te!
O perdão é a penas a amostra grátis de uma piedade
que curva-se diante da miséria alheia.
Eu apenas me curvarei diante do Amor.
O ódio é apenas um bichinho de peluça brincando de lobo mau. 
Vou mais uma vez esquecer que me lembrei de te.
Vou partir e deixar de rastro, o pó de minhas pegadas.
Sabe lá, quem tentará me seguir.

Fora do Ar



                  FORA DO AR   

Hoje o Amor me maltratou, me ofendeu, me humilhou. 
Hoje, o Amor me cuspiu, me pisou, me arranhou, me depredor.
Hoje o amor me machucou, me açoitou lá no fundo, nas entranhas, nos nervos da alma!
Rasgou minhas roupas, meus livros, minha identidade, meu nome.
Me deixou nu como a muito tempo não ficava.

Hoje,
Lambi o chão, os sapatos, a poeira do meu pequeno e  inútil mundo.
O Amor levou tudo o que eu tinha.
Minha vergonha, meu orgulho, minha vaidade, minha bondade, pureza, minha alegria e meu sorriso.
Fiquei órfão da única coisa que fazia algum sentido!

Chorei,
chorei intensamente.
Lamentei pela eternidade ter amado esse Amor.
Lamentei ter permitido que ele me amase, me apalpace com seu doce querer.
Lamentei te-lo abrigado dentro de mim.

Me revoltei, me escandalizei, gritei.
Mas uma vez Ele me desprezou com um olhar lânguido, indestrutível.
Fui seu capacho, seu servo bicho de estimação.
Fui seu trapo, seu brinquedo,
um infeliz querendo brincar de amar.

Sim,
eu sou um idiota sentimental de merda!
Eu sou um covarde, patético tirano
tentando ser o Amor.

Mas que infame contradição é essa!
Ele me despreza, me humilha,
mas ainda sim eu O amo.
Ele entra em minha casa, rouba meus sonhos
e eu ainda O quero, O venero, O idolatro!

Realmente
é puro masoquismo de amar.

Ele levou as minhas forças.
Meus músculos tremulos, não respondiam.
Meu corpo esgotado, arruinado, largou-se ao chão.
Apenas um distante olhar ainda respondia.

Mas uma vez, Ele veio até mim.
Com uma mansidão assombrosa,
reclinou-se sobre meu corpo, consumindo-me.
Chorei de Amor.
Porque na quele instante,
eu não era mais o Amor e o Amor não era mais eu.
Fomos imensidão,
oceano, eternidade.

Descobri a razão de tudo. 
O sabor das manhãs, o som do sorriso da alegria,
e até a melancolia dos pássaros.
Pedi perdão e Ele fechou os olhos para mim mesmo.
Pedi de novo e não tive mais resposta.

Então,
como um entardecer, silenciei também
e juntos nos amamos para sempre.

Enfim,
descobri
que nunca mais seria só.
Porque o Amor veio morar em mim
para sempre.

Amém.

W. Barros

Crônicas de um estranho amor

                                                 

Amo teu desejo. Queres me perseguir, me abduzir as entranhas.
Deixa que eu inicie o movimento involuntário do corpo.
Dou, o fluído ardente de minhas vísceras.
Minha santidade é macabra, mas meus gritos te alimentam  esperança.
Não poupo o teu corpo, pouparei tua alma.

W. Barros






                                                                           
                                                                                                             Pintura de Alexandra Manukyan                                                        




O amor me contou, que deveriam ser não apenas a realização espontânea de suas liberdades, mas o próprio desejo incontido, refletido e nu, que atravessa-se seus corpos exalando na pele o olor animal, víseral, puro.
Assim, poderiam se vestir de sua única imagem, sem o medo, vergonha ou maldade.


W. Barros


  ZenSempre


 Sim, quando Deus chega ao mundo
 veste-se de pureza e encantamento.
 Sim,
 não há mais silêncio na escuridão.
 Não há mais oração.
 Divinamente torna-se as ações.
 impregnadamente nos tornamos Um.
 Ali, na quele mesmo instante. 




 W. Barros

Extremo Vazio


Hoje resolvi assumi desejos, vontades enloquecidas. Hoje, descontrolei propositalmente o fluxo incontido, atrevido, metido. Abri asas a muito retocidas. Briguei com o sol, a lua e as estrelas. Cansei de implora-las.
A noite, maltratei vaga lumes, mariposas e Pirilampos. Fui ateu rebelde. Escandalizei os céus até que os Deuses trovejassem sua ira sobre mim.
Chega!  Chega de toda essa armação cinematográfica que fabrica sonhos para nos escravizar!
Partirei agora mesmo. E desse mundo, apenas uma  luz irá comigo.


 W. Barros

Distraido



Sim, posso recostar-me com segurança sobre meu aliado. Sim, ele é conhecido. Uma fortaleza de sinceridade.

É, não me lembro mais quando tive medo. Sua respiração audível, assegurou minha vitória.
Seu silencio repercutiu em meus ouvidos tudo que precisava. A paz vem vindo meu amigo.
Obrigado. 


W. Barros

Deverais tentar antes mil vezes antes que possa me submeter a qualquer coisa. Costumo flutuar, plainar silenciosamente por cima de tudo sem perder o vigor do sentimento que por te sinto. Mas, qualquer tentativa, será falsa esperança diante do mundo. Caminharei com os tornozelos alados, até que mim encontre.




W. Barros

Quem disse que faço parte do teu mundo.
 Como ousas pensar que me cabe uma concepção comum, normal, igual. 
Sou inconformação transbordante. Sou insinuações atrevidas, ardentes e sem medo.
Não vale a pena tentar rastrear meus pensamentos. 
Não vale querer me inspecionar. Não, sou regida pelos movimentos voláteis das constelações.
Pela coordenação desajeitada de meus pensamentos.Então, deixa que me siga. 
Só!



W. Barros

Não tenho medo de me confrontar com o inesperado. Não tenho receio de invadir o espaço alheio a procura do amor. Não, não me entendas mal. É que meu instinto de felina louca, desafia a gravidade dos homens. Meu insano e apurado sentir descobre segredos.
 Estou exposta, sedenta de ciumes e ainda não sei quando parar. 
Por isso nada te direi!


W. Barros


Não fazes a menor ideia que se passa na      minha cabeça.
 Mas também não te atreves  perguntar. 
Estou gerando forças para não  me comover diante de ti. 
Estou reunindo pensamentos, sentimentos para devolve-lo ao mundo.
Só quero deste universo o que é meu. Recordações, lembranças, são museus que faço questão de nunca visitar.
Vou revirar o mundo, vou sacudir essa poeira imunda que insiste em cobrir meus sapatos. Chega! 
Basta de calar! De se iludir!
A partir de hoje, só me esforçarei de lembrar de mim!




W. Barros
Incondicionalmente Feminista, faz parte de um projeto. É um pequeno ensaio literário sobre mulheres Livres. Livres no saber, no agir, no atuar e no SER.
É a nova geração de femininas. Como costumo dizer; As Amazonas do século 21.
Elas romperam definitivamente com preconceitos, rótulos e tradição. Resolveram ser elas custe o que custar, doa a quem doer.
A essas mulheres maravilhosas, dedico essa pequena contribuição.
Também gostaria que  esses extratos de leitura pudessem inspirar homens em todas as partes, principalmente os machistas que felizmente estão em via de destruição ( ou seja, se auto destruindo).




W. Barros